Caça às
baleias abre crise entre Japão e Austrália
O conflito entre os governos da Austrália e do
Japão envolvendo a caça à baleia na Antártida
ganhou na quinta-feira (7) contornos de crise
diplomática. A Austrália divulgou fotos de
baleeiros japoneses arpoando baleias minke e
arrastando suas carcaças para dentro de um
navio, chamando a atividade de matança
"indiscriminada".
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Austrália divulgou fotos de baleeiros japoneses
arpoando baleias minke e arrastando suas
carcaças para dentro de um navio
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O Japão negou que uma das
imagens mostrasse uma mãe e um filhote abatidos
e acusou o governo australiano de fazer ativismo
sobre o tema, o que poderia prejudicar as
relações entre os dois países.
As fotos divulgadas foram mais uma etapa da
campanha do novo governo australiano pelo fim da
caça anual à baleia praticada pelo Japão no
oceano Austral.
Elas foram feitas a bordo do Oceanic Viking, um
navio da Alfândega australiana enviado às águas
da Antártida para espionar a frota baleeira
japonesa e coletar evidências para basear uma
ação legal que Canberra quer mover contra
Tóquio. O objetivo da ação é mostrar que os
japoneses praticam caça comercial na Antártida
--e não científica, como eles alegam--, o que
viola um tratado internacional que declara o
oceano Austral santuário para baleias.
Por trás da ação há uma dupla estratégia
diplomática australiana: primeiro, o país fatura
com turismo de observação de baleias e é um dos
líderes do bloco de nações conservacionistas
(integrado também pelo Brasil) que quer banir
para sempre, no âmbito da Comissão Internacional
da Baleia, a caça comercial (suspensa desde 1986
por uma moratória).
Depois, a Austrália considera a Antártida o seu
quintal. Chegou a incluir parte do oceano
Austral em sua zona econômica exclusiva, numa
contradição com um tratado internacional segundo
o qual o continente antártico é território
internacional, só podendo ser explorado para
pesquisa e turismo.
"Enganação"
"Fica explícito nessas imagens que isto é uma
matança indiscriminada de baleias, quando você
tem uma mãe e seu filhote mortos desse jeito",
disse o ministro do Ambiente da Austrália, Peter
Garrett. "Dizer que isso é científico é
continuar a enganação que contorna esse tema
desde o primeiro dia", afirmou Garrett,
ambientalista que fez fama nos anos 1980 como
líder da banda de rock "ecológico" Midnight Oil.
A "enganação" à qual Garrett se referiu é o fato
de que o Japão burla a moratória à caça
comercial afirmando que mata centenas de baleias
todos os anos para fazer pesquisa científica. Na
prática, a carne abastece o mercado consumidor
japonês, já que carne de baleia é uma comida
tradicional.
As imagens divulgadas pelo governo australiano
incluem um filme de um arpão sendo disparado na
direção de uma baleia, que se debate ao ser
arrastada na direção do navio. O animal enfim
pára de se mover e jaz imóvel na água tingida de
sangue, com o arpão perfurando seu corpo. Uma
fotografia mostra duas baleias -uma bem maior
que a outra- sendo arrastadas por cabos para o
interior de um navio do ICR (Instituto de
Pesquisa de Cetáceos).
Hideki Moronuki, chefe do departamento baleeiro
da agência japonesa da Pesca, negou que a foto
mostrasse uma baleia-bebê. "A frota pratica
amostragem aleatória, o que significa que eles
pegam baleias grandes e pequenas. Isso não é uma
mãe e um filhote."
O ICR postou em sua página na internet uma nota
oficial cujo título é: "As fotos da Alfândega
australiana enganam o público". Segundo a nota,
assinada pelo diretor do órgão, Minoru Morimoto,
as fotos "criaram uma propaganda emocional
perigosa que poderia causar sérios danos ao
relacionamento entre nossos países".
O Japão planejava caçar neste ano 50 baleias
jubarte, uma espécie em perigo, mas desistiu
devido à condenação internacional ao plano. A
quota de abate desta temporada ficou restrita a
935 baleias minke e 50 baleias fin.
Austrália
diz ter provas contra baleeiros japoneses
O governo australiano possui provas fotográficas
que reforçam um caso judicial contra os
baleeiros japoneses que operam na Antártida,
disse hoje o ministro do Meio Ambiente
australiano, Peter Garrett.
Em entrevista à emissora de TV australiana
Channel Nine, Garrett diz que as fotografias
mostram uma baleia-minke e a sua cria mortas
sendo arrastadas pela rampa de um baleeiro
japonês.
"É muito decepcionante. É angustiante pensar que
pode demorar 15 minutos do momento em que o
arpão atinge uma baleia até sua morte, e é ainda
muito mais triste pensar que há uma cria
envolvida", disse o ministro.
"Defender que
isto é de qualquer forma científico é continuar
com a piada que se tornou este assunto desde o
primeiro dia", acrescentou. O governo
australiano condenou em diversas ocasiões o
programa baleeiro japonês, desde que começou a
nova estação de caça.
O Japão iniciou em novembro seu programa anual
de captura de cetáceos "com fins científicos",
apesar de a Comissão Baleeira Internacional ter
solicitado em junho a Tóquio que o
interrompesse, após uma resolução não
vinculativa auspiciada pela Austrália.
No mês passado, um juiz australiano declarou
ilegal a caça de baleias na reserva marítima da
Austrália na Antártida, o que o Japão não
reconhece por considerar que Canberra não tem
jurisdição sobre esse território.
EFE
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