Réptil voador, pterossauro preferia ficar no
chão, diz estudo
da Efe
Alguns dos répteis gigantes voadores da era dos
dinossauros passavam mais tempo no chão do que
no ar e estavam mais adaptados à vida em terra,
segundo um estudo da Universidade de Portsmouth,
na Inglaterra, publicado na revista científica "PLoS
One".
Até agora, os paleontólogos pensavam que todos
os pterossauros que povoaram a Terra entre 230 e
65 milhões de anos eram parecidos com as
gaivotas ou pelicanos, pássaros marítimos que
sobrevoam lagos e oceanos procurando peixes.
Divulgação/Mark P. Witton
Apesar de terem sido répteis voadores,
pterossauros seriam animais de hábitos mais
terrestres do que aéreos
Porém, após o estudo da anatomia, das pegadas e
da distribuição de fósseis de um pterossauro, o
Azhdarchidae, os paleontólogos Mark Witton e
Darren Naish afirmam que esse estereótipo não se
aplica a todos os répteis voadores.
A dupla analisou fósseis dessa espécie em
Londres, Portsmouth e na Alemanha. Witton e
Naish chegaram à conclusão de que eles se
alimentavam em terra, "onde se agachavam para
capturar presas".
"Seus análogos mais próximos no mundo moderno
são pássaros que se alimentam em terra, como os
calaus (da família bucorvidae) e as cegonhas",
diz Naish.
O paleontólogo diz que outra evidência dessa
teoria é que a maioria dos fósseis de
Azhdarchidae existentes foram encontrados em
sedimentos de uma região que também era
terrestre há milhões de anos.
Os Azhdarchidae eram pterossauros gigantes sem
dentes, com asas de até dez metros de
envergadura. Os maiores exemplares da espécie
chegavam ao tamanho de uma girafa.
Segundo o estudo publicado na "PLoS" ("Public
Library of Science"), seus longos membros e a
forma alongada de seu crânio, que podia medir
mais de dois metros, facilitavam a captura de
animais e outros alimentos no solo.
Desde a década de 70, quando a espécie começou a
ser conhecida, o modo de vida dos Azhdarchidae
foi objeto de debate e de versões distintas que
os descreviam como carniceiros semelhantes aos
abutres. Havia quem os comparasse às aves
praieiras que buscam o sustento no barro ou que
voam acima d'água em procura de peixes.
Os pesquisadores britânicos também estudaram o
pescoço do Azhdarchidae, que se caracterizava
por uma rigidez que, segundo sua opinião, "se
ajusta ao modelo de um caçador terrestre, que
tem de levantar ou descer seu bico até o solo".
Suas patas relativamente pequenas e almofadadas,
além de sua mandíbula longa e frágil, seriam
prejudiciais para qualquer outro modo de vida
que não fosse terrestre, afirmou Witton no
estudo.
"Suas pequenas extremidades não eram adequadas
para tatear pelas margens dos lagos ou para
nadar se aterrissassem na água, mas eram
excelentes para se deslocar por terra",
acrescentou.
"Estudamos suas pegadas. Suas patas pequenas,
compactas, mas bem almofadadas são exatamente o
que se espera de um animal terrestre", declarou
Naish.
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