Não foi só a VW: relatório diz que outras
montadoras podem ter fraudado emissões
Um relatório divulgado por um órgão
ambiental europeu sugere que outras montadoras,
além de Volkswagen e Audi, podem ter fraudado os
resultados de emissões de carros a diesel.
A European Federation for Transport and
Environment (EFTE) baseou suas afirmações em uma
revisão de dados do International Council on
Clean Transportation (Conselho Internacional de
Transporte Limpo), uma organização cujos testes
desencadearam a crise que tomou conta da
Volkswagen.
O relatório da federação levanta dúvidas sobre a
integridade dos testes de emissões da Europa e
sugere que outros fabricantes de automóveis
podem ter usado métodos similares para "valorizar"
resultados em testes de emissões. A entidade
divulgou seu relatório em 10 de setembro - antes
da EPA divulgar suas conclusões sobre a
Volkswagen - mas teve pouca cobertura por parte
da mídia.
Conforme revelado há cerca de uma semana pela
Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) e
pelo California Air Resources Board (CARB), a
Volkswagen utilizou softwares manipulados para
realizar a medição das emissões de alguns
modelos, de modo a violar os padrões ambientais
vigentes nos EUA. Segundo revelado, o sistema
desligava os controles de emissões ao dirigir
normalmente e mascarava os resultados reais
apenas no momento dos testes.
O EFTE afirma que testes do ICCT mostram claras
discrepâncias entre as emissões de laboratório e
desempenho no mundo real para várias montadoras
como a BMW, Mercedes-Benz e até a Opel, braço
europeu da General Motors. Argumentou que estes
fabricantes também podem ter utilizado softwares
semelhantes aos que a VW admitiu ter usado nos
Estados Unidos.
Tecnologias que reduzem emissões "são otimizadas
para as condições de teste e há evidência clara
de que os carros detectam quando estão sendo
testados para aplicar ciclos que reduzem as
emissões", diz o relatório do EFTE. E completou:
"outros fabricantes, basicamente, seguiram a
mesma linha", assim com a Volkswagen, disse
François Cuenot, técnico do órgão.
Nico Muzi, porta-voz do mesmo órgão, foi mais
longe, dizendo que a Volkswagen é "apenas a
ponta do iceberg." Muzi acrescentou que
discrepâncias nas emissões no laboratório e nas
ruas estão "acontecendo em toda a linha." As
diferenças entre os resultados, segundo ele, "é
grande, e não pode ser justificada."
BMW
Um porta-voz da BMW disse que os veículos da
empresa satisfazem os requisitos de emissões,
tanto em testes de laboratório quanto no uso
diário, e observou que o ICCT também chegou a
essa conclusão. Ele acrescentou que nem a EPA
nem a California Air Resources Board abordaram a
BMW a respeito de qualquer assunto sobre "dispositivo
manipulador".
Mercedes
A Daimler AG, proprietária da Mercedes, não
respondeu aos pedidos de resposta sobre o
relatório de Transportes e Meio Ambiente. Na
sequência dos relatórios sobre VW, a Daimler
disse que não estava ciente de qualquer
investigação de veículos Mercedes nos EUA: "Nós
ouvimos acusações da EPA contra a VW na imprensa",
disse a montadora em um comunicado. "Os
problemas descritos pela imprensa não são
aplicáveis aos automóveis da Mercedes-Benz."
A General Motors não se pronunciou sobre o
assunto.
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