O folclore está
historicamente incorporado como uma base científica para o estudo e
conhecimento do comportamento popular. Tem em Mato Grosso as mais
diversificadas formas de expressão, representadas basicamente pelas
danças, lendas e contos que na sua grande maioria sintetizam a
herança, principalmente, do índio e do negro.
Nas lendas indígenas, nas crendices na solidão da selva, assim
como nas peripécias pelos campos, forjou-se um psicológico
mesclado como o cristianismo . É notável também a transferência
de lendas de outras regiões, nesse ecletismo de crença, nasceu a
ambigüidade da fé, isto é, contra o Pé de Garrafa, Pai do Mato,
Minhocão do Pari, Lobisomem, e outras, as rezas e orações
católicas. O psicológico do mato-grossense é forjado dentro
dessas crenças e também sortilégio mouro-cigano. Tais povos se
mesclaram muito com a população ribeirinha.
Isso explica o gosto pela dança, música, cores fortes, brincos
de argola de ouro, truco espanhol e impetuosidade românticas" -
Milton Pereira de Pinto - O Guapo. As danças e os folguedos
populares mato-grossenses são variadas, e nem todas são típicas
do Estado, ocorrendo em vários outros recantos do Brasil. É o
enriquecimento gradual e benéfico da cultura popular de Mato
Grosso em função da formação cultural através dos tempos.
OS DIAS MAIS FESTEJADOS
08 de Janeiro: Santo Rei
10 de Janeiro: São Gonçalo (casamenteiro das velhas e curador
das doenças dos ossos)
20 de Janeiro: São Sebastião
21 de Março: São Bento
13 de Junho: Santo Antonio (Casamenteiro das moças)
24 de Junho: São João
29 de Junho: São Pedro
26 de Julho: Sant'Ana
16 de Agosto: São Roque (Considerado curador)
50 dias após páscoa: Senhor Divino
04 de Outubro: São Francisco
05 de Outubro: São Benedito (Em Cuiabá é comemorado a partir de
Junho)
07 de Outubro: Nossa Senhora do Rosário
08 de Dezembro: Nossa Senhora da Conceição Sem dia definido:
Nossa Senhora da Guia
13 de Dezembro: Santa Luzia (Protetora da visão)
25 de Dezembro: Senhor Menino
FESTA DO DIVINO
Celebrado em diversos municípios de Mato Grosso, a Festa do Divino
é representada pela Pomba, símbolo da paz, que figura em grandes
bandeiras de cetim vermelho e branco.
Os festeiros, responsáveis pela festa, geralmente são escolhidos
num concorrido sorteio solene. Cada festeiro assume uma insígnia
sagrada, que carrega durante toda a esmola e procissão: a coroa
é levada pelo Imperador, o centro, pela Imperatriz, a bandeira
rica pelo Alferes da Bandeira e a bandeira pobre pelo Capitão do
Mastro.
O principal elemento desse ritual é o mestre, que guarda detalhado
conhecimento das práticas rituais, aptidão para música e
capacidade de liderança. O seu mandato é vitalício. Quando há a
presença dos "foliõezinhos", é também o mestre o responsável
pela escolha e treino dos meninos, que entoarão os cantos
sagrados durante a esmola e a festa propriamente dita.
Os músicos ou tocadores são, com frequência, em número de três: o
mestre, tocando a viola, o contra-mestre, que é o tocador de
sanfona e um "bumbeiro", que toca a caixa.
A Festa do Divino, no seu dia, é comemorada com toque de sino,
fogos de artifícios e muitos cantos e músicas, realizados pelos
músicos e foliões. |
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FESTA DE SÃO BENEDITO
É importante lembrar que a festa de São Benedito (geralmente
realizada na última semana de julho, e com encerramento no 1º
domingo de julho), apesar de ter características semelhante à do
Senhor Divino, não tinha a mesma magnitude , uma vez que na
primeira predominava a participação popular, enquanto na segunda,
era a alta sociedade cuiabana que liderava os festejos. Nestas
festas, bem como na Nossa Senhora do Rosário era comum a
realização da dança de Congos, vale dizer a semelhança entre a
desta do Senhor do Divino e a de São Benedito diz respeito a todo
ritual que acontece dias antes, no qual os festeiros percorrem as
ruas da cidade levando de casa em casa a bandeira dos santos e
recebendo donativos que serão transformados em alimentos para
serem servidos no dia da festa propriamente dita. Neste dia após a
missa da madrugada é servido, a toda a população que queira
participar, alimento o dia todo, começando pelo chá com bolo e
adentrando a noite com danás regionais e pratos típicos da
culinária mato-grossense.
BOI-À-SERRA
Em várias regiões do Brasil encontramos manifestações folclóricas
que falam sobre a vida e a morte de bois bravos e vaqueiros
destemidos. Temos, no Maranhão, o Boi-à-Serra; em Santa Catarina,
o Boi-de-mamão, no Pará, a Dança do Boi, em São Paulo e em Mato
Grosso;
o Boi-à-Serra; Luiz Câmara Cascudo, em seu "Dicionário do Folclore
Brasileiro", nos fala sobre a origem dessas danças no Brasil:
"Pelas regiões da pecuária, vive uma literatura oral louvando o
boi, suas façanhas, agilidade; força, decisão. Desde fins do
século XVIII os touros valentes tiveram poemas anônimos,
realçando-lhes as aventuras bravias." Houve tempo em que o
Boi-à-Serra foi muito difundido em Mato Grosso, principalmente nas
localidades de Santo Antônio do Leverger, Varginha, Carrapicho,
Engenho Velho, Bom Sucesso e Maravilha, onde existiam grandes
canaviais e a atividade econômica predominante eram os engenhos de
açúcar. A dança do Boi-à-Serra hoje, consegue ainda manter suas
características iniciais apenas na localidade de Varginha, no
município de Santo Antônio do Leverger. Lá as pessoas ainda cantam
uma toada que conta toda a trajetória de vida e morte de um boi
que é capturado por destemidos vaqueiros, enquanto dançam. Em
outras localidades, como em Cuiabá e Santo Antônio do Leverger,
encontramos a dança do Boi-à-Serra já muito modificada, ou
inserida num outro folguedo popular: o Siriri.
Época em que se realiza
O Boi-à-Serra é um folguedo do carnaval
mato-grossense. Durante os festejos do carnaval, as pessoas
brincavam ou ainda brincam, em alguns lugares, o Siriri, o
Entrudo, o Boi-à-Serra e também o Cururu, que é uma manifestação
quase sempre ligada à religiosidade do povo. Porém, segundo alguns
tiradores, o Boi-à-Serra pode ser dançado em qualquer festa.
0 Nome do Boi
É comum, nas localidades onde existe a dança
do Boi-à-Serra, o responsável por sua confecção dar o nome ao boi.
Este nome é dado através de alguma característica que o mesmo
tenha, ou seja, devido à cor do tecido que o reveste, ao brilho
deste ou a alguma parte cômica da figura do boi.
Instrumentos Usados no Boi à Serra
Os
instrumentos musicais usados no Boi-à-Serra são a viola de cocho e
o ganzá, mas sempre que o Boi-à-Serra surge inserido na dança do
Siriri, nota-se ainda a presença do mocho. Em depoimento,
tiradores lembram-se de ter visto pessoas dançarem o Boi-à-Serra
sem utilizar qualquer instrumento de corda, só de percussão.
Quanto ao número de instrumentos que usam no folguedo, varia
muito, pode ocorrer de uma a quatro violas e ganzás.
Viola de Cocho
Típica do Estado de Mato Grosso, é fabricada
artesanalmente a partir de um tronco de madeira inteiriça,
esculpida no formato de uma viola que é escavada no corpo até que
suas paredes fiquem bem finas, obtendo-se assim o cocho
propriamente dito (a maior ou menor ressonância depende da
espessura das paredes e do tampo). As violas geralmente medem 70
cm de comprimento.
Mocho
Espécie de banco de madeira, cujo assento ë
feito com couro cru, que é recortado e molhado ao ser pregado
sobre o banco. É percutido com duas baquetas de madeira de,
aproximadamente, "um palmo e meio" de comprimento. Pode-se usar o
mocho pendurado no pescoço ou, se for de tamanho maior, colocado
no chão e tocado por uma ou até duas pessoas, ao mesmo tempo. Na
falta do mocho, usa-se uma bruaca (saco ou; mala de couro cru,
para transporte de objetos e mercadorias sobre animais) ou um
couro inteiro de boi, enrolado, no qual bate-se com dois pedaços
de madeira. Até mesmo uma caixa de madeira pode ser usada para a
percussão, na falta do instrumento.
Figurantes da dança
- Boi.
- Chamadores do
Boi .
- Toreador.
- Mascarado.
- Cabeça de Apá
.
- Bico de Brasa
.
- Jacaré, Veado,
Ema, Macaco.
O Boi
0 Boi, a figura principal da dança, é
confeccionado pelos próprios membros da comunidade. 0 encarregado
da missão de fazer o Boi para a festa começa a reunir o material
com antecedência. Esse material consiste basicamente em:
- algumas ripas
de madeira
- algumas
taquaras
- barbante ou
cipó
- a carcaça da
cabeça de um boi
- um cobertor
grande ou um pedaço de chitão florido
- enfeites para
o boi
As ripas de
madeira devem ser finas, pois todo o material tem que ser muito
leve para facilitar a movimentação da pessoa que carrega o Boi. A
carcaça deve ser bem seca pelo mesmo motivo, quanto mais seca,
mais leve. Para a cabeça do Boi também pode-se usar outro
material, qualquer armação que se pareça com uma cabeça de Boi,
pode ser inclusive confeccionada de gesso. Para enfeitá-lo,
costuma-se usar flores de papel, brilhos, fitas, enfim, isso
depende muito do gosto e dos recursos de que a comunidade dispõe.
Com as ripas e taquaras é feita uma armação, tudo muito bem
amarrado para que fique firme. As ripas de madeira formam o "lombo
do Boi" e têm o comprimento aproximado ao do animal que se procura
imitar. Os arcos, que dão o formado arredondado ao corpo do Boi,
são feitos de taquara por serem mais flexíveis.
CAVALHADA
É a Cavalhada uma demontração da força do folclore mato-grossense,
apesar de ser difundida em outros estados brasileiros, foi trazida
há séculos por imigrantes europeus, permanecendo entre nós até os
dias de hoje, sendo especialmente difundida na cidade de Poconé,
rica em cultos às tradições. É uma batalha simulada em que figuram
cavaleiros, representando mouros e cristãos, disputando a posse de
uma princesa. Foi trazida há séculos pelos imigrantes europeus,
permanecendo no folclore mato-grossense, principalmente em Poconé.
De acordo com
Rubens de Mendonça, em seu Roteiro Histórico e Sentimental da Vila
Real do Bom Jesus de Cuiabá, a Cavalhada foi realizada pela
primeira vez em 20 de julho de 1769, em Cuiabá, na comemoraçãopela
chegada do Capitão-General e 3º Governador da Capitania de Mato
Grosso, Luís Pinto de Souza Coutinho. Foram três tardes de
Cavalhadas, em que participaram as pessoas da nobreza,
provavelmente foram realizadas no largo da Mandioca.
Em Mato Grosso, a
representação da batalha campal costumava ser uma mistura da
lendária Guerra de Tróia com as lutas religiosas das Cruzadas,
caracterizadas pelas guerras entre mouros e cristãos. Após o
término das festas religiosas do Divino, formava-se um campo
improvisado na forma de um retângulo, cujos lados maiores eram
tomados por grandes palanques para os espectadores, que tomavam o
espaço todo. Dentro do retângulo traçava-se uma circunferência com
cal. O público que lotava o local era formado por famílias que
vinham em trajes elegantes, e pela massa popular que se acomodava
nas sombras formadas pelos palanques. Todos chegavam desde o
início da tarde da Cavalhada. Por fora da praça da batalha
encontravam-se inúmeras tendas ou botequins.
Uma banda musical
dava o sinal do início do folguedo, executando uma composição
simples que se dizia o hino do Divino. Depois entravam os
cavaleiros ao som de uma marcha. Entre os cavaleiros
encontravam-se os mais destros da sociedade, montados nos mais
belos espécimes de cavalos preparados com capricho.
A batalha se
iniciava com o assalto ao castelo, feito de bambu e pano de
algodão, armado a um canto da praça, de lá se retirava a Princesa
e o castelo era incendiado, representando o rapto de Helena
descrita na Ilíada. Do rapto de Helena passava-se, em um salto de
tempo, para a luta entre mouros e cristãos, que trocavam golpes de
lanças, espadas e disparos de pistolas, tornadas mais realistas
através de quatro cabeças, feitas de massa, espetadas em estacas
simetricamente plantadas pelo terreno.
Ao ritmo de
tambor e cornetas realizavam-se outros jogos, tais como os do
limão, em que dois cavaleiros disparavam em uma corrida na qual
alvejavam-se com limões. Ao final do evento ocorria a jogo da
argolinha, que consistia em uma competição na qual erguia-se na
extremidade de uma raia, em linha reta, uma pequena argola presa
por uma corda no alto de um varal, que algumas vezes era de ouro
ou prata; cada cavaleiro devia tentar tirá-la, passando em
disparada, com a ponta da lança, quem conseguisse recebia como
prêmio essa argola, mais valiosa ainda se fosse de ouro ou de
prata.
A Cavalhada
permaneceu por décadas esquecida, foi resgatada no final da década
de oitenta, principalmente em Poconé, Cáceres e Porto Espiridião,
que retomaram a tradição. Neste resgate da batalha simulada,
permaneceu a luta entre os cavaleiros mouros e cristãos que formam
12 pares, sendo 1 Mantenedor, 1 Embaixador e 10 soldados, que usam
como armas - na encenação da luta - lanças, espadas e pistolas. Os
mouros vestem-se de cetim encarnado e os cristãos de cetim azul,
ambos usam chapéus com plumas, capas de cetim e ricos ornamentos.
Os cavalos também recebem um tratamento especial, com fitas, cetim
e flores de papel.
Os cavaleiros,
tanto os mouros quantos os cristãos, possuem um auxiliar, são os
personagens chamados pajens, representados por crianças
uniformizadas, que se assemelham com os soldados. Outros
personagens são os cavaleiros mascarados, que ficam ao redor, e
têm por função proteger os espectadores, os pajens e os
cavaleiros,durante o intervalo eles brincam no campo, imitando a
batalha.
A exemplo do que
ocorria no passado, diversos torneios, jogos e corridas são
realizados, ao ritmo de uma marcha executada por dois antigos
participantes da competição, cada um com uma caixa de percussão
reproduzindo o som das patas dos cavalos em movimento. Cada ponto
marcado pelas equipes é comemorado ao som do rasqueado, marchinhas
de carnaval e outros ritmos que são tocados por uma banda musical,
além dos aplausos do público que se divide em torcidas pelos
mouros e pelos cristãos.
Ao final os
cristãos são declarados vencedores, independentemente dos pontos
obtidos, e a bandeira de São Benedito, padroeiro da festa, é
carregada pelos mantenedores mouro e cristão, que percorrem o
local da batalha exibindo-a ao público espectador. A paz enfim é
restabelecida, então o Hino do Divino Espírito Santo é tocado,
sendo reverenciado em silêncio por todos.
Referencia:Wikipedia
Ache Tudo e Região
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