Tardigrada (do latim: tardus, lento +
gradus, passo) é um filo de pequenos animais segmentados,
relacionados com os artrópodes. Popularmente são
conhecidos como ursos d'água ou como tardígrados, um
aportuguesamento derivado do nome do filo. Foram
descritos pela primeira vez por J.A.E. Goeze em 1773. O
nome Tardigrada foi dado por Spallanzani em 1776. São em
maioria fitófagos, mas alguns são predadores, como o
Milnesium tardigradum.
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São muito resistentes: sobrevivem a temperaturas tão
baixas como próximo ao zero absoluto e tão altas como
150 °C, pressão de 6 mil atmosferas e radiação 5 000 Gy,
cerca de 1000 vezes mais que um ser humano pode suportar.
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Também são capazes de sobreviver
no vácuo do espaço por pelo menos 10 dias. Vivem por
poucas semanas mas virtualmente podem viver muitos anos
porque têm a habilidade de se encolher, desidratando-se,
e permanecer praticamente morto, em estado criptobiótico.
É neste estado que conseguem suportar as extremas
condições mencionadas e "voltarem à vida" ao se
reidratarem novamente. Em maio de 2011, estudos sobre os
tardígrados foram incluídos na missão STS-134 do ônibus
espacial Endeavour, em seu último voo ao espaço.
São considerados "os mais resistentes animais da Terra"
tendo elaborado uma estratégia de dormência completa,
que os permite desligar todos os seus sistemas e
processos biológicos quando encontram condições
ambientais que não suportam a vida animal.
Tardígrados têm corpos cilíndricos
com quatro pares de pernas atarracadas. A maioria tem
entre 0,3 e 0,5 milímetro de comprimento, mas a maior
espécie pode alcançar 1,2 milímetro. O corpo tem quatro
segmentos (sem contar a cabeça), quatro pares de pernas
sem articulações, e quatro patas com quatro a oito
garras em cada. A carapaça contém quitina e é trocada
periodicamente.
Tardígrados são eutélicos, com
todos os tardígrados adultos tendo o mesmo número de
células. Algumas espécies têm até cerca de 40000 células
nos adultos, enquanto outras têm bem menos.
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A cavidade corporal consite de uma hemocele, mais a
única parte com uma celoma real é encontra ao redor das
gônadas. Não há órgãos respiratórios, com a troca gasosa
ocorrendo ao longo de todo o corpo. Alguns tardígrados
têm três glândulas tubulares associadas ao reto; estas
podem ser órgãos excretores similares aos túbulos de
Malpighi dos artrópodes, mas os detalhes permanecem um
mistério. |
A boca tubular tem dois estiletes, que são usados para
perfurar as células de plantas, algas ou pequenos
invertebrados dos quais os tardígrados se alimentam,
liberando os fluídos corporais ou conteúdo celular.
A boca abre em uma faringe muscular e trirradial. Os
estiletes se perdem quando o animal troca de pele, e um
novo par é secretado de glândulas que ficam em cada lado
da boca. A faringe consiste de um esôfago curto, que se
conecta a um intestino que ocupa a maior parte do
comprimento do corpo. Algumas espécies só defecam quando
trocam de pele, deixando as fezes para trás com a
carapaça abandonada.
O cérebro tem múltiplos lobos, a maioria consistindo de
três agrupamentos de neurônios pareados bilateralmente.
O cérebro é ligado a um grande gânglio abaixo do esôfago,
do qual um cordão nervoso ventral duplo que percorre o
comprimento do corpo.
O cordão possui um gânglio por segmento corporal, cada
um produzindo fibras nervosas laterais que se estendem
até os membros. Muitas espécies possuem um par de olhos
do tipo rabdomérico, e há numerosas cerdas sensoriais na
cabeça e no corpo.
Cientistas têm relatado a presença
de tardígrados em fontes termais, no do Himalaia,
sob camadas de gelo sólido e no leito dos oceanos.
Algumas espécies podem ser encontradas em ambientes mais
amenos, como lagos e campos, enquanto outras podem ser
encontradas em paredões rochosos e até mesmo em telhados.
Tardígrados são mais comuns em ambientes úmidos, mas
podem permanecer ativos onde quer que consigam reter
alguma umidade.
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Hypsibius dujardini visto com um
microscópio eletrônico
Tardígrados são um dos poucos
grupos de espécies capazes de suspender seu metabolismo
de maneira reversível e entrar em um estado de
criptobiose. |
Várias espécies sobrevivem
regularmente em um estado desidratado por quase 10 anos.
Dependendo do ambiente, eles podem entrar nesse estado
através de anidrobiose, criobiose, osmobiose ou
anoxibiose. Enquanto estão neste estado, seu metabolismo
é reduzido a menos que 0,01% do normal, e a quantidade
de água em seus corpos pode cair a até 1% do normal.
Sua habilidade de permanecer
dessecado por longos períodos de tempo depende
amplamente de altos níveis do dissacarídeo irredutível
trealose, que protege suas membranas. Neste estado
criptobiótico, os tardígrados são chamados de tonel.
Os tardígrados são conhecidos por suportar os seguintes
extremos enquanto neste estado:
Temperatura - tardígrados podem
sobreviver alguns minutos sendo aquecidos a 151 ºC,
alguns dias sendo resfriados a -200 °C (73 K), ou por
alguns minutos a -272 °C (aproximadamente 1 grau celsius
acima do zero absoluto).
Pressão – podem suportar exposição
ao vácuo e também pressões altíssimas, na ordem de mais
de 1200 atmosferas. Tardígrados podem sobreviver ao
vácuo do espaço e radiação solar, combinados, por pelo
menos 10 dias.
Algumas espécies podem suportar
uma pressão de até 6000 atmosferas, o que equivale a
aproximadamente seis vezes a pressão da água na mais
profunda fenda oceânica, a Fossa das Marianas.
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Desidratação – tardígrados podem
sobreviver quase 10 anos em um estado dessecado. Quando
expostos a temperaturas extremamente baixas, a
quantidade de água em seus organismos vai de 85% a
apenas 3%. Como a água expande ao ser congelada, a
desidratação assegura que os tardígrados não se
fragmentem pela água em congelamento. |
Radiação – tardígrados podem
suportar doses letais de 5000 Gy (de raios-gama) e 6200
Gy (de íons pesados), apenas 5 a 10 Gy podem ser fatais
para seres humanos.
A única explicação até agora para esta habilidade é que
a quantidade reduzida de água fornece menos reagentes
para a radiação ionizante.
Espaço sideral – Em setembro de
2007, tardígrados foram levados até a órbita terrestre
baixa na missão FOTON-M3 e foram expostos por 10 dias ao
vácuo do espaço. Após serem reidratados na Terra, mais
de 68% dos espécimes protegidos da radiação UV de
alta-energia sobreviveram e muitos destes produzira
embriões saudáveis, e um alguns sobreviveram à exposição
plena à radiação solar.
Em maio de 2011, tardígrados foram
enviados ao espaço junto a outros extremófilos na missão
STS-134, o último voo do ônibus espacial Endeavour. Em
novembro de 2011, eles estavam entre os organismo que
seriam enviados pela Sociedade Planetária na missão
russa Fobos-Grunt, como parte do projeto LIFE (Living
Interplanetary Flight Experiment, ou "Experimento Vivo
Interplanetário"), para Phobos; porém, o lançamento foi
mal-sucedido.
Genoma
O genoma dos tardígrados varia em tamanho, indo de
aproximadamente 75 a 800 pares de megabases de DNA. O
genoma de uma espécie de tardígrado, Hypsibius dujardini,
está sendo sequenciado no Broad Institute.
Hypsibius dujardini tem um genoma
compacto e um tempo de geração de duas semanas e pode
ser cultivado indefinidamente e criopreservado.
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