Estudo
diz que pássaros inteligentes atraem mais fêmeas
Pássaros-cetim que se mostram mais inteligentes atraem
um número maior de parceiras, segundo um estudo da
Universidade de Maryland publicado pela revista
científica Animal Behaviour.
Os pesquisadores aplicaram uma série de testes
cognitivos a machos da espécie para avaliar sua
capacidade de resolução de problemas. Os pássaros que
tiveram melhor desempenho também foram os que procriaram
com mais fêmeas, em comparação com os pássaros menos
inteligentes.
Este é o primeiro estudo a mostrar que os machos que se
saem melhor na resolução de problemas também têm maior
número de parceiras. Os cientistas estudaram os
pássaros-cetim (Ptilonorhynchus violaceus) que vivem na
floresta ao sul de Brisbane, na Austrália.
Os pássaros-cetim são conhecidos por seu complexo
sistema de cortejar as fêmeas e a construção de
elaborados ninhos, na forma de caramanchões. Os machos
passam horas construindo o ninho, que decoram por dentro
com objetos coloridos e até flores. As fêmeas visitam os
ninhos antes de escolher os machos.
"Os pássaros-cetim são o tipo de pássaro que faz você
pensar que a expressão ''cérebro de passarinho'' deveria
ser usada como um elogio", disse Jason Keagy, que
liderou o estudo. Os cientistas desconfiaram que, por
conta do complexo sistema para cortejar as fêmeas, os
pássaros mais inteligentes teriam vantagens.
Teste
Para descobrir o quão inteligente os pássaros eram, os
cientistas desenvolveram uma série de testes envolvendo
resolução de problemas. "Os pássaros-cetim machos não
gostam de objetos vermelhos dentro de seus ninhos e
imediatamente tentam removê-los", disse Keagy.
"Nós criamos situações em que os machos tinham que
remover um obstáculo para remover os objetos vermelhos.
O primeiro teste consistia em um pote transparente
colocado sobre três objetos, e os machos tinham que
encontrar um meio de derrubar o pote para retirar os
objetos ofensivos."
"Os melhores em resolução de problemas conseguiram
remover o pote mais rapidamente", disse ele. A equipe de
cientistas ainda desenvolveu um segundo teste em que os
pesquisadores fixaram um azulejo no chão, que o
pássaro-cetim não poderia remover. Os pássaros mais
inteligentes perceberam isso mais rapidamente e cobriram
o azulejo com folhas e gravetos.
Quando os cientistas avaliaram o sucesso dos pássaros
junto ao Patologia oposto, descobriram que os que se saíram
melhor nos testes também tinham maior número de
parceiras.
Cérebro sexy
Há várias razões potenciais para a o sucesso dos machos
inteligentes, explica Keagy. "Ajuda se pensarmos no
cérebro como uma vitrine da qualidade genética de um
macho por conta da complexidade do cérebro", disse ele.
Por exemplo, diz Keagy, outros estudos mostram que
indivíduos doentes, com muitos parasitas, em geral não
se saem bem em testes cognitivos. Esses mesmos machos
geralmente têm parasitas por causa de um sistema
imunológico deficiente. "Se você for fêmea, esses não
são os tipos de genes que você quer encontrar no pai de
seus filhos."
"Além disso, se você está falando de fêmeas de uma
espécie em que o macho também assume responsabilidade
sobre os filhos, os machos mais ''inteligentes'' podem
se sair melhor na procura de comida e em cuidar dos
filhos e, portanto, ser uma escolha melhor de parceiro",
diz ele.
Escolha
"Neste momento, não sabemos com certeza como as fêmeas
estão escolhendo parceiros mais ''inteligentes'', mas há
duas hipóteses básicas de como isso pode ocorrer",
afirma Keagy. "As fêmeas podem ter evoluído para
escolher machos que tem inteligência cognitiva superior
e observam o comportamento deles durante a corte que
indicam o quão ''inteligente'' eles são."
O complexo sistema de cortejar dos pássaros-cetim, que
envolve dança, e a construção dos ninhos permite às
fêmeas ter uma idéia de seu desempenho cognitivo. Outra
possibilidade, sugere Keagy, é que os machos usem seus
cérebros para convencer as fêmeas a não deixá-los. Eles
podem fazê-lo ao responder efetivamente aos sinais das
fêmeas, já conhecidos na espécie.
"O mais provável é que esteja ocorrendo uma espécie de
combinação dessas duas coisas", diz Keagy. O cientista
espera que o estudo levante a discussão sobre como a
seleção sexual pode influenciar a evolução cognitiva.
"Normalmente, quando a evolução do cérebro é discutida,
a gente supõe que deve ter sido um tipo de seleção
natural, como melhor desempenho em procurar comida ou se
integrar em grupos sociais", diz o cientista. "Mas nós
não podemos ignorar que, a menos que um macho consiga se
reproduzir com uma fêmea, ele não vai passar seus genes
adiante. Se o animal carrega algo tão grande e valioso
como um cérebro, por que não usá-lo para aumentar suas
chances de procriar?"
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